sexta-feira, 4 de julho de 2014

Mundo Paralelo

Wes Anderson e o seu primor de filme.

O Grande Hotel Budapeste
(The Grand Budapest Hotel; EUA, 2014)
Dir.: Wes Anderson
Com Ralph Fiennes, F. Murray Abraham, Jude Law, Tom Wilkinson
1h40 min - Comédia - 12 Anos


Se o cineasta é o reflexo das influências que compõe seu universo pessoal, então, suspeito que Wes Anderson, o diretor de "O Grande Hotel Budapeste", vive em um universo paralelo fantástico, cartunesco, delicioso, onde tudo pode ser cômico, tudo pode se tornar trágico (e ainda assim carregar ares cômicos) e tudo só não é animação pura, porque, convenhamos, o universo não poderia ser tão distante assim do nosso.

Muito pode se dizer deste talentoso diretor. Ainda que você não aprecie seu relativamente curto portfólio, há de convir que seu estilo único rende um cinema de qualidade.

E qualidade sobra - e muito - nesta nova incursão do diretor na sétima arte.

O filme conta a história de Gustave H. (Ralph Fiennes, numa interpretação inspiradíssima), conciérge do Grande Hotel Budapeste. Extremamente influente com os hóspedes, Gustave é o principal suspeito do assassinato de Madame D., hóspede com quem tinha um caso. Seu fiel escudeiro, Zero, fará o que for possível para ajudar seu mentor a provar a sua inocência e validar seus direitos designados no testamento da vítima.

Posso apenas terminar o meu drink?

O humor sofisticado do filme é apenas um brinde em relação ao verdadeiro deleite aos olhos do espectador, que o diretor Wes Anderson oferece com sua técnica e estilo meticuloso de fazer um "cinema em miniatura". Tudo funciona muito bem, criando uma atmosfera ímpar e um tanto mais ousada em relação aos seus filmes anteriores. Especialmente, por se tratar de um filme que transita por distintas épocas, o que se percebe tanto pela direção de arte (que é um espetáculo a parte), quanto pela troca deliberada do aspecto de exibição.

O alto número de personagens, cada um com sua importância para o desenrolar da trama, carrega diálogos ágeis e brilhantes, como que dosados com cautela para trazer a informação necessária, sem precisar arriscar grandes discursos. Atuações encaixadas dentro de um timing cômico que permeia todo o filme. Dá ritmo. Dá graça. Dá gosto de se ver.

Wes Anderson entrega com maestria uma quase-comédia pastelão disfarçada sob um elegante verniz melancólico de uma tragicomédia. Facilmente um dos melhores filmes desse ano.



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